SÉRIES, TV | CRÍTICAS

Escritor de 1,6 mil livros de fantasia, pulp e terror, Rubens F. Lucchetti, falece aos 94 anos

R.F. Lucchetti foi um dos mais importantes escritores de terror da história do Brasil; deixa legado riquíssimo. 📖📚

Imagem: Reprodução/Divulgação (TheMovieDB)

Faleceu nesta quinta-feira (4), na cidade de Ribeirão Preto (SP), o lendário escritor paulista Rubens F. Lucchetti. Considerado como um dos mestres no gênero de terror no Brasil, ele publicou mais de 1,6 mil livros em toda a sua carreira como escritor, tendo feito roteiros também.

Lucchetti estava com 94 anos de idade, e desde os primeiros meses do ano vinha apresentando problemas de saúde. Há alguns meses estava internado num hospital particular de São Paulo para tratar de uma insuficiência respiratória aguda.

Grande referência no estilo de pulp fiction latino-americano, o escritor dedicou nada menos do que 80 anos de sua vida (portanto a maior parte dela) a escrever e publicar contos de terror, fantasia, tanto quanto temas de investigação policial e mistério, e também contos eróticos, publicando-os especialmente em livretos/livros de bolso.
O termo "Pulp Fiction" foi alcunhado para referir-se às ficções 'pulp'. Foram inicialmente histórias publicadas em antigas revistas estadunidenses. A expressão surgiu pois as publicações dos contos eram feitas em papel produzido a partir de polpas de árvore, — o que reduzia custos de produção e jogava o valor final a centavos de dólar. 
Elas surgiram nos anos 1900 (aprox.) e mantiveram este padrão de impressão até os anos 1950. Em bancas de jornais, estas revistas eram muito populares. As revistas pulp traziam, em suma, histórias violentas, enigmas de assassinatos e personagens moralmente questionáveis, contendo muitas investigações de detetives e policiais.

A BIOGRAFIA (BEM RESUMIDA) DE RUBENS F. LUCCHETTI:
Nascido na cidadezinha de Santa Rita do Passa Quatro, em São Paulo, no dia 29 de janeiro de 1930, Lucchetti era filho de um fotógrafo profissional e calígrafo. Ainda jovem, mudou-se com a família para a cidade de São Paulo, onde deu os passos iniciais na literatura.

Desde a sua fase de garoto, segundo dizem, Lucchetti já possuía algum contato com revistas que continham histórias pulp. Aos 12 anos, em outubro de 1942, ele conseguiu publicar o seu primeiro texto de suspense e terror, o chamado “A Última Testemunha”, num jornalzinho do seu bairro, na Lapa (zona oeste).

Autodidata, tinha um talento pregresso de berço. Teve diversos empregos durante a sua juventude, mas foi com jornalismo que logrou os primeiros êxitos com seus textos. Fez publicações para diversos jornais grandes na cidade de Ribeirão Preto, em meados dos 1950.

Imagem: Reprodução/Divulgação; Arquivo pessoal (UOL); R.F. Lucchetti aos 26 anos, escrevendo em máquina de escrever, em 1956 (Imagem com realce e filtros)
Imagem: Reprodução/Divulgação; Arquivo pessoal (UOL)

Já aos 30 anos, em 1960, Lucchetti foi um dos fundadores do Clube de Cinema de Ribeirão Preto, —muito importante para a cultura na cidade, na época. Um ano mais tarde, foi gerente de um dos maiores e mais importantes cinemas da cidade, o extinto Cine Centenário.

Em 1964, aos 34 anos de idade, já havia colaborado com diversos escritores de histórias em quadrinhos com suas ideias e roteiros.


FAMOSO APÓS CO-ESCREVER FILMES DE ZÉ DO CAIXÃO:
No entanto, Lucchetti como escritor só seria notado após mais de 20 anos da sua primeiríssima criação, já na metade da décadas de 1960/1970, após frutífera e profícua parceria criativa com o cineasta José Mojica Marins, o famoso Zé do Caixão.

Junto com 'Zé Mojica, — falecido em 2020, foram ao menos 15 títulos de produções de filmes, dentre eles: ‘À Meia-Noite Levarei Sua Alma’ (1964 — não creditado [Lucchetti, como dizem, teria contribuído na elaboração do personagem de Mojica]), ‘O Estranho Mundo do Zé do Caixão’ (1967), ‘Ritual dos Sádicos’ (1969) e ‘Inferno Carnal’ (1976).


ESCRITOR APAIXONADO; "...QUERO MORRER ESCREVENDO.":
Há 10 anos atrás, em outubro de 2014, Lucchetti disse em entrevista ao G1 que sua obra já somava 1.547 títulos gerais publicados (fora exclusivos e em desenvolvimento).

Ele já trazia também, em 2014300 histórias em quadrinhos assinadas contabilizados, mais de 25 roteiros seus em filmes, três programas de TV, centenas de artigos, e diversos textos divulgados em revistas e jornais, e também, produções criativas suas para transmissões ainda em rádio.

E hoje, em 2024, este vasto catálogo deve ser ainda mais numeroso, em sua estimada bibliografia de trabalhos.


*Entrevista excelente de fevereiro de 2015. Lucchetti partiu lúcido, escrevendo livros e inventando histórias, como desejava, aos 94. Seu filho certamente dará segmento ao seu legado, com as suas histórias póstumas não publicadas e exclusivas.


PRÊMIOS CONHECIDOS, RECEBIDOS POR LUCCHETTI:
Imagem: Reprodução/Divulgação (O Tempo);

1956 | Prêmio - Melhores do Rádio do I - Centenário de Ribeirão Preto (Melhor Novelista)
1982 | Prêmio Kikito de Melhor Roteiro no Festival de Gramado (Por "O Segredo da Múmia");
1986 | Troféu Sol de Prata - Melhor Roteiro no Rio-Cine-Festival (Por "O Despertar da Besta");
1990 | Prêmio Angelo Agostini na categoria Mestre do Quadrinho Nacional;
2013 | Troféu HQ Mix na categoria Grande Mestre;
2014 | Prêmio Jabuti de Ilustração (Por Emir Ribeiro Ilustra Fantasmagorias);


ATUALIDADE; VIDA PESSOAL DE LUCCHETTTI E FALECIMENTO:
Imagem: Reprodução/Divulgação (Blog Melvin Menovi)

Atualmente, Lucchetti morava na cidade de Jardinópolis (SP) com o seu único filho, — o professor universitário graduado em LetrasMarco Aurélio. Seu filho sempre o auxiliava, fazendo toda a parte técnica de seus projetos, digitalizando arquivos, com s e nas redes sociais.

R.F. Lucchetti há 13 anos estava viúvo, após o falecimento de sua esposa, Teresa Pereira Lima. Eles eram casado há 54 anos.

Lucchetti falece aos 94 anos, após meses internado numa extenuante luta, com problemas de saúde. O seu filho, o prof. Marco Aurélio Lucchetti tem atualizado a situação de saúde do seu pai há bastante tempo já, tendo que, recentemente, vir a público para pedir aos fãs se unissem e fizessem a aquisição das obras literárias de seu pai, para custear a estadia hospitalar e tratamento de seu pai.

Não há quaisquer informações sobre possíveis cerimônias ou enterro.

Lucchetti se foi, mas será sempre lembrado pelos fãs de contos de qualidade, no Brasil e no mundo.

Imagem: Reprodução/Divulgação (TheMovieDB); Arte com R.F. Lucchetti e seu papagaio; Foto não datada/autor: desconhecido | arquivo pessoal

RUBENS F. LUCCHETTI
R.I.P. DESCANSE EM PAZ  04.04.2024

Postar um comentário

1 Comentários

BEM-VINDOS, MORTAIS! Sejam educados e responsáveis. Este blog não se responsabiliza (nem compactua) com comentários intolerantes e/ou opiniões criminosas. *Para comentar com o Google, é necessário ativar os COOKIES. Obrigado por comentar.

ADBLOCKS SÃO UM TERROR! ⚠️

Por favor, considere apoiar este blogue

Nosso trabalho independente é mantido com anúncios

×