Um cineasta autônomo que lutou pelo independente e fez cinema sem recursos, Brazza foi, e é, memorável.
Foto: Reprodução; Brazza e Mojica em 'Tortura Selvagem' (2001)
Afonso Brazza é um dos pioneiros do cinema de baixo orçamento do Brasil, onde popularizou-se bastante e ganhou certa notoriedade no subgênero. Apelidado de "RAMBO DO CERRADO," ele roteirizava, atuava e dirigia — e assim fez em mais de 20 de títulos seus (de longa. média e curta-metragem). E tudo isso desde sua criação artística no circuito da "escatológica" BOCA DO LIXO, na Grande São Paulo.
Seu currículo estendeu-se até, mais recentemente, à sua mudança para mais perto de Brasília (mais precisamente, na longínqua cidade do Gama — mais para Goiás, há 30 KM nos arredores da capital). Lá, ele produziu e replicou (como decidiram carimbá-lo) seu nome e o seu cinema TRASH — um termo pejorativo, abertamente negado por Brazza; com seu primeiro filme, em 1988.
Brazza carrega consigo um símbolo: ele levou até a última instância, a sua paixão pelo cinema e a audácia de lutar por ele. Ele agregou bastante com seus filmes repletos de bom humor e suplantando as dificuldades e precariedades da vida. Uma linguagem que todos conseguem entender.
MAS DE ONDE VEIO AFONSO BRAZZA?

Foto: Reprodução; Brazza em gravação; começo dos anos 2000
O de nome José Afonso dos Santos Filho, ou popularmente, Afonso Brazza, nasceu em São João do Piauí, município brasileiro do estado do Piauí, no ano de 1955. A sua família era do Gama-GO. Ele cresceu por lá, perto da capital, onde passou grande parte de sua vida — até os seus 12 anos, aproximadamente.
Em 1969, ele partiu pra SP em busca de novas oportunidades e acabou por conhecer diversos artistas do meio local, dentre eles, nomes importantes do cinema nacional, como o lendário José Mojica Marins — que cinco anos antes realizava o lendário ''À Meia-noite Levarei Sua Alma'', em 1964. Há quem diga que o filme ajudou a desaflorar esta vontade de Afonso em criar e fazer cinema — embora ele nunca tenha feito terror propriamente dito, mas mais ação.
Ainda aos 12 anos, ele trabalhava numa pastelaria do período matutino, à tarde se envolvia com cinema. Conseguiu participar de algumas participação parte técnica em produções de filmes — nos quais ganhou os seus primeiros papéis em filmes, como ''A Filha do Padre'' (1975) e ''Traídas pelo Desejo'' (1976), ambos, de Tony Vieira. E posteriormente, conseguira pontas mais importantes, como no filme ''O Trapalhão no Planalto dos Macacos'' (1976) — o primeiro filme do icônico Mussum.
OS PRIMEIROS FILMES À FRENTE:
Foto: Reprodução; Câmara Legislativa; Foto não datada
Com recursos parcos e escassos, o cinema de Afonso Brazza acabou característico por seus problemas. Por exemplo (um clássico): os negativos usados em filmes estavam vencidos ou defeituosos (era bem caro, ainda na data). Esta foi a principal razão de atribuírem-se às suas películas estranhezas (caso alguém pergunte-se). Às vezes, as cores tornavam-se fracas, diferenciadas e/ou com grande contraste.
No ano de 1991, Brazza conhecia e casava-se com a paulista Claudete Joubert — famosa atriz e modelo da Pornochanchada das décadas 1970 e 1980. Ela também já foi casada com Tony Vieira, que deu os primeiros papéis a Afonso em seus filmes. Brazza então tornou-se bombeiro por profissão, mas cineasta por opção.
Depois de algumas incursões isoladas, o casal Brazza-Joubert muda-se para Brasília e estreia no longa "Inferno no Gama", em agosto de 1993.

Foto: Reprodução; Casal Brazza em 'Inferno no Gama' (1993)
Brazza, apesar do certo 'desleixo' com suas películas, demonstrava grande preocupação com a qualidade do som de seus filmes. Reutilizou-se de uma técnica bem comum dos filmes da BOCA DO LIXO e da Pornochanchada: a dublagem. Ele levava seus títulos a estúdios de dublagem profissionais para gravação de som com donos de vozes famosas da dublagem — embora que de início, seus filmes fossem dublados de maneira amadora.
Apesar do título de TRASH, Afonso sempre empenhou-se em tentar replicar os filmes profissionais ao máximo em seu próprio trabalho autoral.
Certa vez, quando perguntado sobre a fama, Brazza respondeu brilhantemente: "Eu não quero fama. Eu quero estar sempre na memória das pessoas, mas lentamente. A fama leva à destruição, é instantânea, e por isto mesmo, faz mal. Ela faz você passar por cima de tudo, inclusive dos seus amigos. A fama é curta. Eu quero, sim, admiração e respeito. É uma 'fama' simples, do meu jeito".
A MARCA FINAL:

Seu filme Tortura Selvagem custou 240 mil reais, um recorde para os padrões de Brazza. Em Brasília, o filme se manteve em uma sala de cinema por quatro semanas, com mais de dois mil ingressos vendidos, performance não alcançada por seus concorrentes do momento: Memórias Póstumas, de André Klotzel, e Domésticas, de Fernando Meirelles e Nando Olival.
O filme contou com participações especiais de José Mojica (Zé do Caixão), numa ponta no mínimo engraçada... De Digão e Rodolfo, ambos membros da banda nacional Raimundos, na época. O filme também contou com pessoas do cenário artístico e político brasiliense como a esposa do deputado Joaquim Roriz, Liliane Roriz, do também deputado Ricardo Noronha e de Henrique Chaves, atualmente no Balanço Geral do DF, que nos tempos era também ator, e Fábio Marreco, conhecido produtor de Brasília.
Ao falecer, Brazza deixou "Fuga sem Destino", seu ultimo filme inacabado. Ainda no leito do hospital pediu ao amigo e cineasta Pedro Lacerda para que não deixasse seu filme parado. Pedro Lacerda aceitou o desafio e em 2006 concluiu Fuga Sem Destino, que teve sua estreia no festival de Brasília com a presença de todo o elenco e também do ator Selton Mello.
Recentemente, segundo dizem boatos de paredes, Claudete Joubert, ex-esposa do falecido Brazza se converteu a religião evangélica, tomada por um extremo de querer esquecer o passado, ela destruiu todos os filmes que havia feito com Brazza, felizmente muitos destes filmes existem até hoje em diversos lugares, e vários deles na internet, com excessão dos filmes do início da carreira de Brazza.
CURIOSIDADES SOBRE AFONSO BRAZZA:
- "Gringo Não Perdoa, Mata" (1995) pode ser considerado um ligeira sátira/ indireta ao "Gringo, o Último Matador" (1975) do famoso cineasta Tony Vieira — de quem Brazza conseguiu seus primeiros papeis, e ex-cônjuge de sua esposa.
- Em "A Tortura Selvagem" (2001), alguns dos atores não tinham script em algumas das cenas, o que deixou bastante nítido o improviso — fazia parte da essência de seus filmes; em outro filme, numa das cenas, a espada de um dos vilões arrebentou-se enquanto se rodavam o filme, Brazza optou por continuar a cena mesmo com a espada quebrada, estimulando a espontaneidade da ocasião.
- Ainda em ''Tortura Selvagem'', numa das cenas do filme, é editada de maneira no mínimo cômica, aonde Fábio Marreco adentra o recinto com seus capangas, a cena foi colocada duas vezes, aonde num pico rápido pode-se perceber ele entrando, a edição propositalmente meia-boca sempre esteve presente em seus filmes, algumas das vezes não havia linearidade de cenas nos filmes de Brazza, uma cena se passava com aquele personagem e logo após, outra cena com o mesmo já em outro lugar completamente diferente, e logo após, novamente na cena anterior, era comum e intencional.
- Brazza se preocupava muito em mostrar os pontos turísticos e mais históricos de Brasília, chegando a em diversas cenas somente fazer um geral com personagens, por mais que nada acontecesse naquela cena, ele foi o único a fazer isto.
FILMOGRAFIA DE BRAZZA:
COMO DIRETOR:
1982 - O matador de escravos
1985 - Os Navarros em Trevas de Pistoleiros entre Sexo e Violência
1991 - Santhion nunca morre
1993 - Inferno no Gama
1995 - Gringo não perdoa, mata
1998 - No eixo da morte
2001 - Tortura selvagem - A grade
2002 - Fuga sem destino
COMO ATOR:
2002 - Fuga Sem Destino
2001 - Tortura selvagem - A grade
2000 - Surfista invisível (curta-metragem)
1998 - No eixo da morte
1995 - Gringo não perdoa, mata
1993 - Inferno no Gama
1991 - Santhion nunca morre
1985 - Os Navarros em Trevas de Pistoleiros entre Sexo e Violência
1982 - O matador de escravos
1977 - As Amantes de um Canalha
1976 - O Trapalhão no Planalto dos Macacos
1976 - Traídas pelo Desejo
1975 - A Filha do Padre
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/Memoria-TV-Cinema-915112058525444/
contato (PEÇA CATALOGO ILUSTRADO) magobardo@yahoo.com
Ficção rara como "TURISTA ESPACIAL".. PERRY RHODAN legendado ;serie como CENTENNIAL LEGENDADA, desenhos como BRUCUTU...filmes nacionais como O CARA DE FOGO, GREGORIO 38 E MUITOS OUTROS rarissimos
FILMES e series (desde 1940) ,fora-de-catalogo,todos os generos.. Dublagens antigas (AiC-SP, CineCastro,BKS, DublaSom..)
NOVELAS RARAS COMO SELVA DE PEDRA, DE CORPO E ALMA (DANIELA PEREZ), ZAZÁ, ANJO DE MIM, PECADO CAPITAL,CORAÇÃO SELVAGEM, BETTY A FEIA ...E MUIIITO MAIS (Programas da TV,auditorio,humor,MPB etc..)
MEMÓRIA DA T V E DO CINEMA-
Muito obrigado pelo seu comentário, Magobardo. Fique à vontade para vir compartilhar suas publicações aqui no blog, ou lá nas nossas redes, faço questão de compartilhar. Abraços.
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