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Crítica: “Vampiros” (1994); um excelente e raro documentário histórico sobre os vampiros

Documentário estadunidense sobre vampiros levanta boas questões, pertinentes e atuais; confira. 🩸🧛🏼🦇⚰️

Imagem de documentário com apresentador David Myler (à esquerda), e arte de "Vampiros" (à direita)
Imagens: Reprodução/Divulgação

FICHA TÉCNICA:
Título original: Vampires; Títulos alternativos: Do Vampires Really Exist?; Diretor: S.C. Lewanowicz; Roteiro: V. Monteagudo; Apresentador: David Myler;  País: EUA; Lançamento: 01/07/1994; Orçamento: Desconhecido; Gêneros: Documentário, mistério, história; Duração: 90 minutos


CRÍTICA EXCLUSIVA NO BRASIL — No quase longínquo ano de 1994 (farão 30 anos em 2024), os filmes de vampiros ainda estavam em seu auge criativo. Então, Hollywood usara, algumas vezes, o artefato dos lendários vampiros como âncoras alegóricas lucrativas e convenientes.

Na época, grandes títulos de terror ganharam as telas de cinemas dos EUA, e históricas readaptações de filmes de vampiros ainda estavam sendo produzidos — vise ótimos "Drácula" de 1992, e "Entrevista com o Vampiro", do próprio ano de 1994. As coisas ainda pareciam promissoras aos filmes e à cultura de vampiros e seus entusiastas, como um todo.

É neste contexto que surge o modesto, mas interessante um documentário, o "Vampiros".


FORMATO E LANÇAMENTOS NA ÉPOCA:
Imagem: Reprodução/Divulgação

Apresentado pelo "obscuro" David Myler, e com direção do também obscurecido S.C. Lewanowicz — um produtor, roteirista e diretor estadunidense (e de quem nada mais conheço, senão por este documentário e um outro não relacionado [sobre itens de guerra]).

Apesar do diretor Lewanowicz ser roteirista também, nesta produção o roteiro foi feito (predominantemente, ao menos) por Victor Monteagudo.

O documentário foi lançado de forma modesta — e analisando a sua linguagem telegráfica, pesquisa histórica/geopolítica, e/ou pela produção, ele é modesto em tudo.

Ele saiu diretamente para o falecido sistema de VHS, e claro, para o caseiro — no antigo modelo do que hoje seria o on demand — atualmente substituído pelo prático, impessoal e volátil streaming. E nunca foi remasterizado ou relançado em formatos digitais (até o dia que vos falo).

"Vampiros" foi lançado em duas versões distintas — numa primeira edição norte-americana e depois, numa outra, européia (sob o título de "Do Vampires Really Exist?").

A distribuição teve um número de cópias limitadas e foi bem modesta, tornando o documentário hoje, em quaisquer destas edições, praticamente uma relíquia — especialmente a edição europeia.

A arte original estadunidense é mais legal, no entanto. Com uma imagem retirada do clássico "Drácula" (1931), onde Béla Lugosi fez história, como todos já estamos drenados de saber.


UM LANÇAMENTO CONJUNTO, COM FITA CASSETE:
Este documentário acompanhou ainda, na data de seu lançamento, um lançamento paralelo no dia 1º de julho (mas aparentemente visando o Dia das Brxuas daquele ano), e que foi o de uma pequena fita de formato K7.

A fitinha continha músicas instrumentais e com efeitos sonoros de filmes clássicos do terror — e que não faziam parte da trilha sonora da produção do documentário, mas que repartem da mesma atmosfera temática interessante, de vampiros.

As músicas foram compostas por Matt Fink, e o álbum foi chamado "Music Of The Vampires". O álbum está na íntegra no YouTube.
 

LISTA DE TRILHAS:
1 - Dark Ecstasy (4:34)
2 - Trance Romance (6:23)
3 - Midnight Seduction (7:05)
4 - Rapture In Moonlight (5:25)
5 - Tears Of Blood (6:56)
6 - Soul Stalker (5:36)
7 - Into Oblivion (5:58)
8 - Requiem For A Vampire (4:17)


UMA CRÍTICA SOBRE O DOCUMENTÁRIO:
Imagem: Reprodução/Divulgação

Livre de spoilers — A apresentação do documentário está impecável, já sobre a organização e qualidade de informações, não considero impecável, mas por muito pouco. Mas no entanto, possuo algumas ressalvas: a falta de fontes sobre números em determinados pontos, pode ser que em algumas partes ele exagere. Por exemplo, no caso do impiedoso Vlad Tepes.

Enfim. Desconfie de tudo. Todo documentário pode tender ao tendencioso. Isto é um problema bem comum.

Dos quase 90 min., uma parte de aproximadamente uns 10 min. (ou até mais), é com cenas de preenchimento de metria, — contendo um vampiro mequetrefe perambulando por florestas aleatórias em slow motion, e que não agregam em nada (nem sequer visualmente), pois é bem brega e beira o medíocre.

Um precioso tempo perdido que poderia ter sido muito melhor utilizado com agregação de mais informações, casos, relatos ou até mesmo cenas de filmes — como vimos em diversas partes do documentário, e ficou excelente.

Imagem: Reprodução/Divulgação

Sobre o começo e meio —  o documentário demora a esquentar, mas depois vale a pena. Um dos pontos mais fracos são os relatos dos primeiros minutos. Não se tratam de relatos das vítimas reais de vampiros, mas de simulações — para a melhor entendimento, e maior realismo, optaram por isto, mas parece que convidaram estafetos de atores de quinta classe.

Por outro lado, no geral, o documentário é assertivo. A reunião de dados traz casos intrigantes de supostos vampiros e de criaturas similares a vampiros através de toda a história e das mais variadas culturas mundo afora.

O ótimo apresentador, David Myler, está caracterizado de forma formal e  vende bem a produção com dicção e elaborações claras e interessantes.


Imagem: Reprodução/Divulgação

As nuances deste documentário são muito boas, ele traz relatos de casos poucos conhecidos e bem enigmáticos de supostos vampiros, traz também abordagens culturais sobre a figura do vampiro, sua transmutação, sua transformação e fala das mudanças que os vampiros sofreram ao longo dos anos — não somente na literatura, como no cinema e na cultura popular. E mostra isto muito bem.

O documentário também faz apontamentos e indagações ambíguas, mas bem contemporâneas: o que é um vampiro? Desde os primórdios, figuras concedentes de vampiros ou parecidas estão entranhadas em religiões, superstições e mitos.

Como eles dizem logo nas parte inicial (e bastante bem): "...os vampiros são tão antigos quanto a própria civilização."


RIQUEZA DE DETALHES DESTE DOCUMENTÁRIO:
Imagem: Reprodução/Divulgação

A minucia de informações sobre vampiros aqui é bem peculiar. Fazem um apanhado bem genérico sobre uns assuntos.

Ele fala de casos históricos de assassinos em série e psicopatas que associam-se fortemente, — ou que apenas tiveram uma certa relação com casos de vampiros.

Dentre os famoso casos citados: Vlad Tepes - Vlad, O Empalador, Elizabeth Batory - A Condessa de Sangue, Fritz Haarmann - O Vampiro de Hanôver, na Alemanha. E faz associações com Ted Bundy, que teria feito alegações de ter sido movido pela necessidade de tomar sangue humano, dentre outros lunáticos sociopatas.


VALE A PENA, MAS...:
Imagem: Reprodução/Divulgação

Vale a pena, mas não é para todos os paladares. Muito pelo contrário. Uma obviedade é dizer que ele é para quem se interessa por documentários e a cultura de vampiros, mas a dinâmica dele pode cansar um pouco. A duração é praticamente a de qualquer filme longa-metragem, mas com um certo excesso de informações.

E já, outro detalhe importante a ser dito é que este documentário pode ser mais recomendável para os mais iniciados no tema de vampirismo e que se interessem a estudar o assunto. É básico, mas beirando o intermediário.

Eu diria que é simplesmente perfeito para quem quer conhecer mais sobre vampiros e não tem um conhecimento aprofundado ainda, e talvez, não queira pegar em livros, ou não tenha tempo para tal.

Imagem: Reprodução/Divulgação

Como falei: é telegráfico. Mas mais: é instigante, é cativante — e em especial se posto na perspectiva do porquê de amarmos tanto aos vampiros, — ele faz esta análise psicossocial e traz algumas explicações; da contextualização histórica, cultural e social das figuras de vampiros, da referenciação e recomendação a clássicos.

E graças ao apresentador (e à partes nevrálgicas relacionadas a isto, no roteiro), a obra, por mais modesta que seja, encanta com a classe e pelo charme característico que cercam os vampiros, e que se entranhou neste ser mitológico e muito associável aos jovens rebeldes e de espírito livre.

E sobre o parágrafo acima: o documentário falará de tudo isto, inclusive; — de como e do porquê adolescentes e jovens tenderem a ter certa simpatia natural pelas figuras assustadoras e medonhas de vampiros, e até se verem nele, em certos aspectos do mesmo.

É bem interessante este estudo psicológico.


PARECER FINAL:
Imagem: Reprodução/Divulgação

É um ótimo documentário, mas como todo bom documentário (por melhor que seja), é impossível que entregue todas as informações possíveis a respeito do tema, o tempo é curto e há necessidade de se ser telegráfico, às vezes.

Não é o melhor documentário sobre o tema que já vi, mas com ele conheci coisas e aprendi sobre vários fatos históricos e casos. Então, está mais do que válido.

Infelizmente, o documentário no início parte para um lado que me interessa menos: o dos fetiches de sangue. Mas talvez isto tenha sido útil pois não vi nenhum outro documentário abordar isso desta maneira. Mas por sorte, isto dura pouco, e ele logo volta a focar na figura história do vampiro.

Mas esta é a minha opinião.



DUBLAGEM EXCLUSIVA NO BRASIL:
Além da primeira crítica no Brasil desta produção curiosa, este é também o segundo documentário exclusivo com dublagem em português brasileiro que compartilho. Confiram trechos aqui:



NOTA FINAL:
BOM DOCUMENTÁRIO  —  7.1/10


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2 Comentários

  1. AMO FILMES DE VAMPIROS, ONDE ACHO PARA ASSITIR???

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    Respostas
    1. Olá, anônimo. No momento não sei informá-lo. Abraços.

      Excluir

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