PREPARANDO O TERRENO:
Desde o lançamento do original "A Bruxa de Blair" (The Blair Witch Project, dirigido por Daniel Myrick e Eduardo Sánchez) em 1999, uma nova forma de fazer filmes e um novo tipo de experiência para o espectador tem sido amplamente produzidos: são os chamados Found Footage (algo como fitas/gravações perdidas, em português).
Não faltam tentativas de trazer maior credibilidade ao espectador, em termos da imagem-câmera – um conceito que pego de Fernão Ramos sobre imagens de documentários, relativo ao momento de circunstância da tomada e à capacidade que esse tipo de imagem tem de levar o espectador a esse momento.
Alguns recursos foram bacanas ao longo do tempo, em filme bem sucedidos como "REC" (Jaume Balagueró, 2007), por exemplo, ou somente estratégias criativas como a de colocar a câmera em um ventilador rotativo, para ver o que está rolando com as aparições sobrenaturais, em "Atividade Paranormal II" (Tod Williams, 2010), — que por si só não é um grande filme, mas contém estratégias interessantes.
Mais recentemente, o terror israelense "Jeruzalem" (Os Irmãos PAZ, 2015) utiliza o Google Glass como ferramenta última na busca de uma credível imagem-câmera. É um pouco disso que me faz ficar ligadas nos Found Footage, — sempre tentando identificar estratégias e inovações criativas.
Para obter resultados interessantes, pagamos preços altíssimos. São muitos filmes entediantes, nos quais “nada acontece”, com uma câmera de baixíssima qualidade, muito tremida e amadora, o que acaba espantando uma grande parte dos espectadores do gênero terror.
É uma relação semelhante a muitas coisas mais atuais dentro do gênero de terror e nos seus filmes, como os de Rob Zombie (por exemplo): ou se ama, ou se odeia.
MARKETING BEM ESPALHAFATOSO:
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Imagem: Reprodução/Divulgação
É de se perceber e tem sido muito comentado o atual marketing em torno de terrores recentes, por acabarem decepcionando os espectadores fiéis ao gênero. E esse já tinha sido um medo em relação ao "A Bruxa de Blair" (Blair Witch) lançado essa semana no Brasil.
Se no original a jogada do marketing havia sido interessante pela inovação do filme, aqui ela acaba gerando aquela desconfiança e ponto (no cinema estavam vendendo broches do filme).
Não foi diferente com o novo "Bruxa de Blair" (2016), – dirigido por Adam Wingard. O filme é bem decepcionante, e até mesmo em termo de novos dispositivos criativos.
Há uma tendência desagradável nos últimos dez anos, em Hollywood: um número altíssimo de Remakes, Reboots e Revivals. Alguns bem-sucedidos — normalmente aqueles que apelam para o feeling de seus originais; como é o caso de um "Star Wars"; alguns de dar vontade de chorar, como "Carrie" (Kimberly Peirce, 2013) e Evil Dead (Fede Alvarez, 2013).
Ingenuamente — ou simplesmente por querer muito que fosse bom, acabei esperando demais do terceiro filme deste universo do noventista "A Bruxa de Blair".
CRÍTICA DE FILME — SEM SPOILERS:
A premissa nada original de “estou fazendo um documentário para minha aula de documentário” é o que leva à existência das imagens de Blair Witch.
Muito bem equipada, a estudante Lisa, que está dirigindo o filme, possui uma câmera fotográfica digital no estilo das Canon T5i, algumas câmeras auriculares, GoPro e até um drone. Walkie Talkies e GPS também estão nos equipamentos que são levados para a floresta.
O documentário no filme é sobre a busca por Heather, a irmã de James, — amigo da documentarista. Um vídeo que foi subido no YouTube mostra o conteúdo de uma fita encontrada na floresta onde o primeiro filme ocorreu. Lisa, James e um casal de amigos resolvem acampar no local e realizar a busca. Lá, eles se juntam a um casal que achou a fita e fez seu upload.
Até o meio do filme: apresentação dos personagens, dos materiais de filmagem, (que geram mudanças nítidas na qualidade da imagem de uma câmera para a outra), e um pouquinho de Jump scare bobinhos. Uma hora de filme se passa e tudo bem boring, nem uma aceleração nos meus batimentos, nem uma vontade de apertar a mão do meu marido.
METADE E FIM DE FILME:
De repente, após estarem acampados na floresta, as coisas efetivamente começam a acontecer. Um tanto de merda de vudu, uma ferida no pé bizarra (a parte mais aflitiva para mim), e umas outras situações que eram para ser terrorantes, mas que no fim das contas, elas não são.
O tempo todo o filme controla os fatores que entrarão para causar reviravoltas no plot. Seja a separação de um casal do grupo ou o drone, você já sabe o que esperar para o resto do filme.
Já caminhando para o final, algo que também tem sido recorrente em alguns filmes recentes, principalmente de Found footage: uma aceleração no ritmo do filme, quase como se estivessem com pressa para acabar e amarrar todas as pontas soltas. (E eu bem que estava torcendo para acabar logo!).
DESFECHO CAPENGA:
O final causou um 'cadinho de incômodo, — mas muito mais por um elemento de claustrofobia do que propriamente, por medo. A revelação que ocorre nos minutos derradeiros é até bacaninha, mas nada que nos faça falar “uau, que 'Brainfuck' mais incrível,” ou algum “Nossa, realmente. Que filme bom!”.
Por fim, eu saí do cinema decepcionada e sem esperanças otimistas sobre o que possa vir daqui em diante em termos de Found Footage — na franquia, ou no subgênero ao todo. Eu sugiro que vocês não gastem dinheiro com os preços abusivos de bilheteria, o filme é mediano.
Recomendação: esperem chegar à Netflix do Brasil (ou aos portais e apps alternativos de filmes e séries).
VIA: IMAGEM-CÂMERA
POST CORRIGIDO E ATUALIZADO POR HUGO: 05/07/2023
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