Telessérie ''Millennium'' garantiu episódios fenomenais; com clima estranho, ela marcou uma fase da televisão.

Imagens: Reprodução/Divulgação; IMDB/ 20th Century Fox Television
''MILLENNIUM'' é uma série excelente de drama, mistério, suspense, terror e com doses sobressalentes de ficção religiosa e apocalíptica — e exatamente nesta ordem de apresentação. Talvez muito de vocês mais novos sequer tenha ouvido falar sobre a série de TV. mas ela é excelente.
Protagonizada pelo excelente ator de currículo vasto dentro de filmes queridos e apreciados de Terror, Lance Henriksen, temos bastantes cenas memoráveis, divertidas, emocionantes, e o terror novamente faz-se presente.
Na minha humilde opinião, dificilmente, esta série com um tom mais antigo agradará aos que curtem filmes e séries mais moderno, com todo o imediatismo comum do do gênero terror dos dias de hoje, 2023, — onde percebe-se maior correria (não só no gênero, mas no cinema e televisão como um todo) para apresentar histórias e desenrolares.
DE ONDE SURGIU ESTA SÉRIE?
A série é um produto do mais puro estilo de terror dos anos 1990, traz toda uma característica visual e espiritual (sentido figurado) comum da época noventista: atores um pouco canastrões (vai), maquiagens práticas, trilha sonora da época e uma fotografia aliada a enredos simples.
Com uma porcentagem de drama considerável, é um show interessante para explorar e que tem episódios criativos ao extremo.
A ''MILLENNIUM'' durou 3 temporadas e foi gravada e realizada em Vancouver, no Canadá, entre os anos de 1996 e 1999. Encomendada e produzida pelo canal norte-americano FOX, estreou em outubro de 1996.
Infelizmente já durante a sua 3ª e última temporada, o enredo se diluía bastante e a qualidade do enredo já não era mais a mesma, — tendo sido cancelada logo em seguida.
A série de TV escorou-se bastante sobre todo aquele conceito supersticioso, esquisito e assustador desencadeado do medo generalizado (hoje) bobo de que algo ocorreria ao mundo ao cabo dos 1999, e com a vinda do novo milênio no ano 2000. O famoso Bug do Milênio.
Dos mesmos criadores da popular telessérie ''ARQUIVO X'' (1993-2002) — e tida como série-irmã da mesma, no mesmo universo, e também do criativo Chris Carter.
'MILLENNIUM' tem uma abordagem que lembra muito sua série antecessora - com uma pegada familiar do diretor, mas difere bastante.
UMA TRÍVIA: Há quem diga que a série também teve relativa participação (não creditada) em ideias do gênio Vince Gilligan (Breaking Bad e seu spin-off, Better Call Saul. Vince já relatou diversas vezes ser "um grande fã" da série, e que seu fim o ensinou uma grande lição: nunca apelar demais para um tema muito pesado e sério pois isso afasta os telespectadores a longo prazo.
SINOPSE SEM SPOILERS:
Frank Black (Henriksen) é um analista forense freelancer e ex-agente do FBI. No entanto, ele possui uma habilidade sobrenatural única: ver o mundo através dos olhos de perversos assassinos em série.
Embora ele não assuma-se como psíquico, Frank era sócio de um misterioso grupo chamado Millennium — cujo poder e agenda sinistra são exploradas e deslindados ao longo da série.

FOTO: REPRODUÇÃO (Estúdios FOX)
Black mora na cidade de Seattle, nos Estados Unidos, e vive com sua esposa Catherine e sua filha pequena, Jordan.
A cada nova temporada, novos temas são abordados de forma diferente: na 1ª, Frank persegue vários assassinos em série apenas com referências ocasionais e poucos dados sobre o real propósito do Grupo Millennium. Na 2ª, introduzem-se mais ocorrências sobrenaturais na mitologia da série, e Frank frequentemente entra em conflito com forças demoníacas. E na temporada final, mostra-o retornando às suas origens, e buscando novos elos com o FBI. Frank ganha uma nova parceira de trabalho.
SOBRE A ESTÉTICA DA SÉRIE:
A série traz uma apresentação fria, obscura, e se padronizou num visual rudimentar, tal como "Contos da Cripta", se bem que vai até além, porque é um terror menos propenso a destaques particulares e seletivos, é uma história com contexto, que embora tenha similaridades com Contos, por histórias praticamente separadas a cada nova parte, na verdade se constrói bem mais, e para acompanhar, compreender bem, para entrar nesse universo esquisito de cabeça, você tem que curtir muito o gênero, senão vai desistir lá pelo terceiro ou quiçá quarto ep.
Aí, no entanto, é onde entra a contradição, não é um produto ruim. Só tem seus pontos altos e baixos, e os altos são reservados para ápices de season finale, etc.
Para começar, um dos primeiros aspectos positivos da série é a trilha sonora. É robusta, bruta, mas infelizmente de forma não-padronizada.
De cara, o que chama atenção de quem nunca viu, White Zombie (More Human Than Human), seguido por Nine Inch Nails (March of the pigs e Head like a Hole), vindo a calhar em cenas de um ambiente hostil e esquisito de um prostíbulo escuro, sucedido por um misterioso caso que traz novamente o ex-agente do FBI, Frank Black novamente ao ramo. Posteriormente ainda vimos Cypress Hill, mas isso foi, infelizmente, talvez mais uma estratégia de marketing, tendo em vista isso estava em alta na data.
O episódio piloto também tocou a música Hands of Death (Burn Baby Burn) do Rob Zombie e Alice Cooper, engraçadamente num álbum inspirado pelo Arquivo X chamado Songs in the Key of X: Music from and Inspired by The X-Files.

Se eu puder comparar com algo, é uma série que eu indicaria para quem gosta de filmes como "Fim dos Dias" (1999), Frank Black, um personagem de dom intrigante que é interpretado pelo veterano Lance Henriksen, lembra e muito o personagem de Arnold Schwarzenegger, Jericho Cane, ou talvez seja o contrário, já que Frank veio primeiro.
Mas são duas peculiaridades da segunda metade dos anos 90, antes da virada do milênio, que foi para ambos, o filme e a série, motivo para misteriosos enigmas de terror.
E não só estes, meio que virou tema muito propício falar que no começo dos 2000 anos, seria o fim. Black é um cara aparentemente frio, mas como tem que ser, embora tenha uma natureza extremamente bondosa e simpática... Mas é pragmático, chega a cena do crime com seu casaco ou jaqueta de couro, típicos, sempre abotoados. E os deixa, da mesma maneira. Ele é rodeado de uma família linda e uma vida pacata, e ironicamente, ao contrário da paz que ele sempre busca ter, não pode ir no supermercado sem correr risco.
Sobre o dom de Frank Black, seria como a capacidade parapsíquica de, ao toque de locais de cenas de crime, poder ver nos olhos do assassino e ter uma peça, ou parte da peça de um quebra-cabeças que é o caso em si. No entanto, parece que na série o papel dele é mais buscar a verdade do que ser um investigador do FBI, então tenha as expectativas certas sobre isso.
Aliás, se você espera compreender bem sobre esse tal dom dele, desista. O jeito é se contentar com as migalhas que os roteiristas nos dão, é uma carta que eles guardam sem pudor, sendo que maiores detalhes e um desenrolar disso só acontece mais tarde, bem mais tarde, na série.
E isso também vale para o "Grupo Millennium", um grupo especial, misterioso e enigmático. Mas quem acompanhar a série deve receber boas respostas, por sinal, a resposta definitiva para essa pergunta: "O que diabos é o Grupo Millennium?" Vem em um dos melhores episódios da série de 40 min., onde as coisas ficam SÉRIAS. Com isso também, sobre os dons do sr. Black.
SOBRE A EXIBIÇÃO NO BRASIL:

Por isso essa é uma série boa, guarda boas cartadas para momentos importantes e derradeiros, embora quem assiste tenha que ter paciência, já que é meio extensa. Teve extensos 22 episódios ao longo de 3 temporadas, das quais, duas foram exibidas dublado no Brasil pelo canal Record.
Totalizando assim nada menos que 50 HORAS (e 25 mins.) de episódios. Por isso falo, tem que gostar para acompanhar. (Se bem que por muito menos ainda tem gente acompanhando séries como Supernatural - que não vê um fim)
Bem, não existem adjetivos de diferenciais para Frank Black, é o mais puro Lance Henriksen de cara nua e crua, primeiramente pode até lembrar qualquer papel que ele possa ter feito antes, mas esse realmente cria um outro âmago para quem assiste, não é algo meramente superficial. Até mesmo por se tratar de um seriado, pudemos ganhar muito mais da atuação dele do que de costume e é difícil não criar simpatia pelos mesmos, personagem e ator por detrás. É um dos grandes papéis de sua carreira.
SOBRE O ELENCO DA SÉRIE:
Lance Henriksen é um dos meus atores prediletos. O cara é simplesmente um vasto currículo de terror e mistério em pessoa! Considero ele como um dos atores mais completos do gênero de terror — embora subestimado. Quem conhece sua trajetória e sua sofrida história de vida não tem como deixar de admirá-lo, mas isso é tópico para outra postagem.
O que eu poderia dizer é que, na minha concepção dele, é fácil compará-lo neste aspecto com caras como Christopher Lee. Digamos que Lance está para os anos 1990, o que Lee estava para os anos 1970, no auge da Hammer e encorporando o Drácula da vez. Ambos são donos de uma vasta gama de versatilidade, incrível profissionalismo e caráter — e nesta série não é diferente.
Cogitaram entregar o papel de Frank Black a William Hurt, mas ele não se interessou, Lance Henriksen, por outro lado, recebeu de braços abertos o papel que muito tem a ver consigo e suas expressões.
E ao lado do brilhante Henriksen, temo o também brilhante ator, Terry O'Quinn de filmes como "O Padrasto" (1987), "Pin" (1988), entre vários outros mais. Uma coisa que não tive como deixar de lembrar foi de sua atuação na série Lost, pode não ter apropriadamente a ver com terror, mais para ficção, mas o personagem dele na antiga série, Peter Watts, se reserva, é inteligente, parece ter as respostas para perguntas, sabe sempre o que ser feito... Simplesmente tal como o famosíssimo John Locke, de Lost, que já que mencionou (tudo bem, você pode nem gostar dessa série, mas), é um dos melhores papéis de sua carreira e o melhor da série.
Conhecemos diversos outros nomes ao longo da série, muitas quase sempre participações mornas, sem muito alarde.
O outro nome mais frequente nessa série, depois de Henriksen, claro, é Megan Gallagher, esposa de Frank Black, Catherine Black. Essa atriz, na minha opinião, foi um lado fraco na balança do seriado, é uma atriz pouco comprometida, de atuação extremamente na média e que nunca teve um deslanche verdadeiro na carreira. Fez até alguns papéis em filmes de terror mas nada nem digno de menção aqui. Vamos lá! Tempo é ouro.
POR QUE ASSISTIR "MILLENNIUM?"
Conveniências à parte, tudo me leva a crer que Millennium é uma das melhores séries dos anos 90! Todo bom fã do gênero de terror devia dar uma chance. A série tem ótimos episódios, claro, nem todos.
Tem alguns bem fracos, mas garante diversão nos seus melhores eps. e é aquilo tipo de coisa que, como bom fã de terror, vai te fazer pensar: "Que foda!", por causa da contextualização de uma coisa que acontece, em conjunto com toda aquela história, como em um quebra-cabeças... É exatamente isso que essa série é.

Uma coisa que pode desagradar quem vai assistir a série despretensiosamente é que ela ainda não foi lançada em alta definição, e até a segunda temporada o formato é em fullscreen.
Cotação: Apesar de todos os defeitos. Definitivamente, essa é uma série para ter na lista! Enfim, vou deixar uma opinião que pode deixar muita gente com cara feia mas eu acho essa série melhor que Arquivo X. Tudo bem? vamo respeitar. Para quem se interessar pela série, indico a aquisição, mas dá para encontrar fácil essa legendada por aí, não vou passar link nenhum... Google.
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